Ao todo, são 36 jovens que podem ser adotados; destes, 18 são portadores de algum tipo de deficiência
Luiz Gustavo (nome fictício) mora há 22 anos no Abrigo Tia Júlia, em Fortaleza. Ele chegou ainda recém-nascido na instituição, entretanto, uma paralisia cerebral e a condição de cadeirante, acabaram impedindo que casais se interessassem em adota-lo. A unidade que deveria receber apenas crianças na faixa etária de 0 a 7 anos, acaba acolhendo adolescentes que não estão no perfil das crianças adotadas no Brasil: meninos, menores de dois anos, brancos e saudáveis, segundo a coordenadora do abrigo Tia Júlia, Luiza Helena Paiva Frota.
Para se ter uma ideia, de acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), atualmente, na Capital, existem 50 crianças disponíveis para adoção, porém, somente 14 são menores de 12 anos, ou seja 28% do total, e apenas dez delas são consideradas “saudáveis”. As outras 36, ou seja 72%, são adolescentes, sendo que 18 deles são pessoas com deficiência. Por outro lado, em Fortaleza, existem 207 casais à espera por uma adoção.
Os dados reforçam ainda mais o que disse a coordenadora do Abrigo Tia Júlia. Os brasileiros, inclusive os fortalezenses, continuam escolhendo as crianças que vão adotar. Segundo ela, hoje, na unidade, das 17 crianças disponíveis para adoção, 15 têm necessidades especiais, ou seja, foram vítimas de paralisia cerebral, têm hidrocefalia, deficiência visual ou são cadeirantes. “A maioria delas é abandonada nos primeiros dias de vida, principalmente, nos hospitais. Quando as mães percebem que as crianças não são ‘prefeitas’ elas acabam abandonando”, afirma.
Para Rita de Cassia Sidney Marques, orientadora de Atenção à Alta Complexidade da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), além do preconceito sofrido por crianças que apresentam deficiência, à medida que eles vão crescendo se torna ainda mais difícil serem adotadas. “Se conhecemos os pais, tentamos restabelecer os vínculos. No entanto, temos muita dificuldade, pois a maioria deles é usuária de drogas”, ressalta
Luiza Helena, coordenadora do abrigo Tia Júlia, afirma que 80% das crianças que estão na unidade, possuem pais envolvidos com drogas. E, diante disso, muitos já chegam à instituição com alguma sequela física ou psicológica, o que acaba dificultando na adoção. “Aqui no abrigo mora uma criança de 11 anos que tem hidrocefalia. Todos os dias ela me pergunta porque os amiguinhos são adotados e ela não, já não sei mais os que responder”, ressalta.
Ainda segundo ela, no caso das crianças que os pais são usuários de drogas, o abrigo encaminhados para tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e também para alguns projetos sociais que realizam curso. Contudo, quando esgotam todas as possibilidades elas são Destituídas do Poder Familiar e ficam na responsabilidade do Estado.
Quebra de vínculos
Maria de Sousa (nome fictício), aos dois meses de vida teve as pernas fraturadas devido um ato de violência da própria mãe. Diante da denúncia de vizinhos a bebê foi encaminhada para o Abrigo Tia Júlia. Semanas depois, o irmão também violentado foi morar na unidade. “A mãe de Maria a jogou na parede e a bebê acabou fraturando as pernas. Neste caso, não tinha como restabelecer vínculos”, afirma a <MC0>assistente social Laiane Bezerra. Essa e outras histórias semelhantes são frequentes na unidade, segundo a assistente social.
De acordo com ela, os casos de moradia de rua, drogadição dos pais e violência doméstica são os mais comuns no abrigo. “Casos mais graves rapidamente conseguimos a destituição do poder familiar e então, a responsabilidade por essas crianças fica a mercê do Estado, no entanto, em outros casos tentamos restabelecer os vínculos”, diz.
Ainda de acordo com ela, conforme a lei, no caso de Maria de Sousa e seu irmão, eles só poderiam ser adotados pelo mesmo casal, o que minimiza as chances de adoção. Porém, segundo Laiane, depois de quase seis anos, ambos foram adotados no mês passado. A assistente social revela que das 17 crianças que estão aptas para adoção, oito tiveram destituição do poder familiar por terem seus direitos violados. Laiane Bezerra acrescenta que outras 13 crianças aguardam a destituição e entre elas, 11 foram retiradas do seio familiar pelo mesmo motivo.
Espera
14 crianças menores de 12 anos aguardam ser adotadas em Fortaleza, ou seja 28% do total. Destas, dez são consideradas "saudáveis"
Karla CamilaFonte:Diário do Nordeste 15/09/2011
Luiz Gustavo (nome fictício) mora há 22 anos no Abrigo Tia Júlia, em Fortaleza. Ele chegou ainda recém-nascido na instituição, entretanto, uma paralisia cerebral e a condição de cadeirante, acabaram impedindo que casais se interessassem em adota-lo. A unidade que deveria receber apenas crianças na faixa etária de 0 a 7 anos, acaba acolhendo adolescentes que não estão no perfil das crianças adotadas no Brasil: meninos, menores de dois anos, brancos e saudáveis, segundo a coordenadora do abrigo Tia Júlia, Luiza Helena Paiva Frota.
Para se ter uma ideia, de acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), atualmente, na Capital, existem 50 crianças disponíveis para adoção, porém, somente 14 são menores de 12 anos, ou seja 28% do total, e apenas dez delas são consideradas “saudáveis”. As outras 36, ou seja 72%, são adolescentes, sendo que 18 deles são pessoas com deficiência. Por outro lado, em Fortaleza, existem 207 casais à espera por uma adoção.
Os dados reforçam ainda mais o que disse a coordenadora do Abrigo Tia Júlia. Os brasileiros, inclusive os fortalezenses, continuam escolhendo as crianças que vão adotar. Segundo ela, hoje, na unidade, das 17 crianças disponíveis para adoção, 15 têm necessidades especiais, ou seja, foram vítimas de paralisia cerebral, têm hidrocefalia, deficiência visual ou são cadeirantes. “A maioria delas é abandonada nos primeiros dias de vida, principalmente, nos hospitais. Quando as mães percebem que as crianças não são ‘prefeitas’ elas acabam abandonando”, afirma.
Para Rita de Cassia Sidney Marques, orientadora de Atenção à Alta Complexidade da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), além do preconceito sofrido por crianças que apresentam deficiência, à medida que eles vão crescendo se torna ainda mais difícil serem adotadas. “Se conhecemos os pais, tentamos restabelecer os vínculos. No entanto, temos muita dificuldade, pois a maioria deles é usuária de drogas”, ressalta
Luiza Helena, coordenadora do abrigo Tia Júlia, afirma que 80% das crianças que estão na unidade, possuem pais envolvidos com drogas. E, diante disso, muitos já chegam à instituição com alguma sequela física ou psicológica, o que acaba dificultando na adoção. “Aqui no abrigo mora uma criança de 11 anos que tem hidrocefalia. Todos os dias ela me pergunta porque os amiguinhos são adotados e ela não, já não sei mais os que responder”, ressalta.
Ainda segundo ela, no caso das crianças que os pais são usuários de drogas, o abrigo encaminhados para tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e também para alguns projetos sociais que realizam curso. Contudo, quando esgotam todas as possibilidades elas são Destituídas do Poder Familiar e ficam na responsabilidade do Estado.
Quebra de vínculos
Maria de Sousa (nome fictício), aos dois meses de vida teve as pernas fraturadas devido um ato de violência da própria mãe. Diante da denúncia de vizinhos a bebê foi encaminhada para o Abrigo Tia Júlia. Semanas depois, o irmão também violentado foi morar na unidade. “A mãe de Maria a jogou na parede e a bebê acabou fraturando as pernas. Neste caso, não tinha como restabelecer vínculos”, afirma a <MC0>assistente social Laiane Bezerra. Essa e outras histórias semelhantes são frequentes na unidade, segundo a assistente social.
De acordo com ela, os casos de moradia de rua, drogadição dos pais e violência doméstica são os mais comuns no abrigo. “Casos mais graves rapidamente conseguimos a destituição do poder familiar e então, a responsabilidade por essas crianças fica a mercê do Estado, no entanto, em outros casos tentamos restabelecer os vínculos”, diz.
Ainda de acordo com ela, conforme a lei, no caso de Maria de Sousa e seu irmão, eles só poderiam ser adotados pelo mesmo casal, o que minimiza as chances de adoção. Porém, segundo Laiane, depois de quase seis anos, ambos foram adotados no mês passado. A assistente social revela que das 17 crianças que estão aptas para adoção, oito tiveram destituição do poder familiar por terem seus direitos violados. Laiane Bezerra acrescenta que outras 13 crianças aguardam a destituição e entre elas, 11 foram retiradas do seio familiar pelo mesmo motivo.
Espera
14 crianças menores de 12 anos aguardam ser adotadas em Fortaleza, ou seja 28% do total. Destas, dez são consideradas "saudáveis"
Karla CamilaFonte:Diário do Nordeste 15/09/2011
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